
MESTRES HOMENAGEADOS

Seu Marcelino
MESTRE VAQUEIRO E ABOIADOR
Um dos mais antigos moradores do bairro Santa Rita, 80 e tantos anos, Mestre Marcelino leva sempre consigo fotos nas quais aparece coberto do seu gibão, perneiras, chapéu de couro e um formoso touro ao lado. Faz aboios e poesias cantadas lembrando o tempo de rapaz moço quando morava em Pirapema-MA e corria o pasto aboiando o gado.
Fala Mestre:
Sou Marcelino Ferreira Nunes, tenho 89 nove anos e muita alegria de me apresentar, minha arte é de viver na roça e aboiar.Eu nasci em Pirapema, bem na beira do Rio Itapecuru correndo atrás de gado e de moça bonita. Tive 20 filhos, casei duas vezes. Minha arte é essa, vida de vaqueiro foi desde que nasci, e aonde eu aboiar o boi berra, berra e geme. Eu conheço a criação de gado brabo. Encabojei muito gado, porque a gente não pode batizar, que gado não vai a igreja(risos).
“Quando eu desço da minha rede
Eu vou pra igreja rezar
Epois eu pego o cavalo para o gado campear
Eu calço minha perneira
De guardar peito e chapéu
Eu quero ir à vaquejada
São Pedro lá no céu
Ê êêêê ei
Eu calço minha perneira
De guardar peito e gibão
Eu quero ir à vaquejada
De meu senhor São João
Vou correr atrás de gado
No gramado do sertão
Ê êêêê ei
Junto com meus companheiros
Meus compadre e meus irmãos
Nós vamos correr atrás de gado
Novilho e barbatão
Em cima de meu cavalo
E o pé de bode no chão
Ê êêêê ei
Lá vema lua saindo
E o sol não nasce do lado
E a paixão do meu corpo
É mulher bonita e vida de gado
Ê gado manso Ê êêêê ei
E meu senhor Santo Antonio
É um santo casamenteiro
Eu só saio desta vaquejada
Quando eu casar primeiro
E vai ser um dia feliz
Nessa vida de vaqueiro
Ê gado manso Ê êêêê ei
Eu me peguei com Santo Antonio
Sei que ele vai me ajudar
Eu só saio deste lugar
Depois eu me casar
Com uma mulher bonita
Que é pra nós conversar
Ê gado manso Ê êêêê ei
Você é quem vai me dizer
Se eu já posso parar
Que eu tenho talento no peito
Que eu canto a noite toda
Sem vontade de parar.
Ê gado manso Ê êêêê ei
Boi moreno era um boi de engenho de meu patrão que eu tinha muito apreço e fiz muito aboio pra ele.
Quando eu vim do sertão de cima
Uma dona me chamou
Se esse boi não for de venda
Um conto por Ele eu dou
Esse boi não se vende
Que ele é do imperador
Oiê ê êê ei aia
Eu chamava e ele vinha
Surubim meu boi olô ô ô ei eiei
Vocês vão me desculpando
se eu não souber aboiar
O tempo ta muito curto
pra nós poder apreciar
mas eu sou aboiador
e entendo também de cantar
Ê êêêê vaca mansa

